Um verdadeiro paraíso exclusivo
Eu sempre ouvia falar desse tal Saco do Mamanguá, há 10 anos meu tio já havia ido nesse paraíso.
Os relatos, fotos e felicidade nos olhos ao falar dessa viagem encheram meu peito de vontade de fazer essa viagem. Não sei até hoje por qual motivo eu sempre deixava o Saco do Mamanguá para depois.
Até que finalmente consegui marcar essa viagem e conheci o único fiorde do Brasil!!
O Saco do Mamanguá é um daqueles locais dos quais vamos para relaxar e esquecer dos problemas.
Tivemos um verdadeiro detox de tecnologia neste tempo que passamos por lá! Até hoje a luz elétrica é artigo de luxo, a energia chegou há pouco tempo e em alguns locais é o gerador a fonte principal de energia.
Você realmente tem que ir com a mente aberta e disposto a interagir com a natureza.
Refúgio para a família
Nós nos hospedamos no Mamanguá Eco Lodge, onde o gerador era ligado somente às 18 horas e desligado no início da madrugada, então nada de ficar horas no celular ou contar com o ar condicionado até de manhã.
Como a estrutura é bem básica, não se esqueça de ir preparado, inclusive com dinheiro em mãos, já que alguns lugares não aceitam cartão e caixas eletrônicos são impossíveis. Prepare-se também para a falta de sinal de celular e consequentemente, mesmo que o estabelecimento aceite cartão, ainda sim poderá ficar na mão. Em uma das situações tivemos que fazer uma transferência bancária na base da confiança.
Ok, Cris! Mas onde fica esse tal de Saco do Mamanguá e o que é um Fiorde??
O Saco do Mamanguá fica na Costa Verde, no município de Paraty e é uma joia de nosso país, tanto na cultura, que é predominantemente caiçara quanto na geografia.
Paraty encontra-se quase na sua maioria inserida em Unidades de Conservação de Natureza e por conta disso, é nesta região que encontramos o maior conjunto de conservação da Mata Atlântica preservada no Brasil.
Fiorde
Os fiordes são uma grande entrada de mar entre altas montanhas.
A palavra fiorde tem origem norueguesa e significa em português, porto seguro, já que normalmente as águas dos fiordes são tranquilas e ótimas para pesca, também por servir de berçário para várias espécies marinhas.
Porém os fiordes normalmente estão presentes em paisagens geladas, próximas dos polos da Terra.
Talvez esse fato seja devido a curiosa formação lá na era glacial.
Era Glacial
Nesta época a temperatura da terra caíu e as geleiras se expandiam enquanto o nível médio dos oceanos baixavam.
O gelo avançava pelas regiões mais quentes, escavando as superfícies por onde passavam, como a água faz quando passa por um vale.
Entretanto a ação do gelo é muito mais violenta! Escavando e criando locais dos quais a água tomaria conta no futuro.
Essa ação do gelo da época glacial, é conhecida como erosão glacial e o resultado disso são os vales estreitos com paredões muito íngremes em volta.
Quando a era glacial foi embora, as águas do oceano voltaram a aumentar e com isso os vales foram inundados, formando os famosos fiordes.
Como a ação do gelo foi essencial para essa formação, encontrar os fiordes próximos dos polos é muito mais fácil.
Porém não é impossível encontrar um destes aqui no Brasil, ganhamos o belíssimo fiorde do Saco do Mamanguá, o único fiorde do Brasil!
Magia que encanta!
No Saco do Mamanguá o mar brilha no escuro! Isso mesmo, quando fazemos o movimento na água de noite, é possível ver uma luz fluorescente.
Igor sentou no pier, bateu as pernas e fomos ver essa mágica, Emmanuel ficou doido quando viu a luz saindo da água.
Que privilégio ver isso de perto! Não deixe de curtir essa experiência, é simplesmente sensacional.
A bioluminescência plânctons acontece em alguns poucos lugares do Mundo e fomos felizardos em poder ver de pertinho.
Esse fenômeno na verdade acontece por um efeito biológico causado por criaturas aquáticas que liberam uma energia de luz fria devido a uma reação química, incrível, não?
Outro local que estivemos onde também é possível ver isso, é na Tailândia, por sinal essa viagem em lembrou muito em vários aspectos o país.
Como chegar
Trilha
Não existe opção de chagar ao Saco do Mamanguá de carro, o mais indicado é ir de barco. Existem trilhas de dias que te deixam no Saco.
Uma delas eu tive o prazer de ver de perto, sai de Laranjeiras, local próximo de Trindade.
Mas não vá achando que é fácil, a trilha demora bastante e ainda te deixa no final do Saco, onde ainda terá que andar muito até chegar em qualquer lugar habitado.
Carro
O mais próximo do Saco do Mamanguá que você chega de carro ou ônibus é Paraty Mirim, de onde saem os barcos para o Saco do Mamanguá.
Em Paraty Mirim há diversas opções de estacionamento, nós paramos pertinho do porto e pagamos 10 reais a diária.
Rio x Paraty Mirim
São 264Km de estrada e cerca de 4 horas, o trajeto é quase todo feito na BR101, porém fique alerta quando passar de Paraty, a entrada de Paraty Mirim fica há 10KM após Paraty em uma saída do lado esquerdo
São Paulo x Paraty Mirim
São 291Km e cerca de 4 horas, o trajeto é feito na BR459 e na BR101, onde você percorrerá até o KM 548 e em seguida encontrará a entrada de Paraty Mirim a sua direita.
Neste trajeto há pedágio
Calculo feito pelo site Em Sampa
Ônibus
Você deve pegar o ônibus até Paraty e de lá seguir para Paraty Mirim, é bem pertinho e dura apenas 40 minutos este trajeto.
Existem saídas diárias com os ônibus da linha Colitur que saem da Rodoviária de Paraty, porém aos domingos os horários são reduzidos.
Barco de Paraty Mirim até o Saco do Mamanguá.
Existem muitas opções de barquinhos das quais fazem esse translado de Paraty Mirim até Saco do Mamanguá.
Nós fechamos o nosso por telefone, com o barquinho que a pousada mesmo indicou o Sr Josias (24 99930-9140)
O valor desse trajeto custa em média R$120, podendo chegar até a R$150 por trecho! O segredo é negociar ou achar amigos para dividir o barco.
Onde se Hospedar
O Saco do Mamanguá como vocês já notaram, não é um local muito habitado e as opções de hospedagem também não são vastas.
Mamanguá Eco Lodge
Foi onde nos hospedamos e pelas nossas pesquisas e experiências, é onde tem a melhor estrutura externa do Saco do Mamanguá.
Praia bem de frente com pranchas de Stand Up e caiaques disponíveis para os hóspedes, além de espreguiçadeiras.
Uma vasta área verde com gramado para correr e praticar esporte, tem até uma piscina de água natural.
Há também um salão de jogos com sinuca e mesa de totó.
Estão incluídos café da manhã e jantar no valor diária e o restaurante também é aberto ao público para almoço.
Refúgio do Mamanguá.
Passamos em frente a pousada e eu achei bem lindinha e relaxante, há um deck bem de frente à propriedade que supre a falta da praia.
Também disponibilizam canoas canadenses para passear pela região.
Na diária está incluído o café da manhã e o jantar.
Mamanguá Beche Hostel
O hostel fica quase colado ao Mamanguá Eco Lodge, é uma boa opção para quem quer um pouco de agito.
Normalmente é onde fica a galera mais nova e quem busca um custo mais baixo.
Não visitei o hostel.
Camping
Fica bem no pé da trilha do Pão de Açúcar, conhecido como Camping do seu Orlando.
Não vi as instalações e não sei informar sobre os preços.
Aluguel de casas
Procurei no AirBnb e encontrei algumas opções de aluguéis de casas pelo Saco do Mamanguá.
Essa foi uma das opções que achamos https://www.airbnb.com.br/rooms/20802143, porém não nos hospedamos nem passamos perto dessa casa em especial.
Restaurantes
Restaurante do Dadico
É o mais famoso da região, chegamos através de uma trilha que saia da nossa pousada que durou mais ou menos 1 hora.
Vimos muitos barcos parando por ali enquanto comíamos, mas achamos caro e pouco servido, além da comida não estar muito saborosa.
Pedimos um peixe e vieram apenas dois pedaços bem pequenos de filé com arroz e um pouco de farofa de camarões metida a besta.
Não vale a experiência, separe uma dose extra de paciência, principalmente se tiver cheio! Demorou e foi difícil pedir nossos pratos, além de ter acabado muitas das opções.
O peixe merreca custou uma bagatela de R$80,00 reais.
Mamanguá Eco Lodge
Além de ser uma opção de hospedagem, eles tem um restaurante bem gostoso.
Gostamos muito mais do que do Restaurante do Dadico, que é o mais famoso da região.
Os preços eram similares, porém os pratos muito bem servidos, pagamos R$135,00 na moqueca que deu e sobrou.
Dona Maria
Fica bem próximo da subida da trilha do Pão de Açúcar, segundo nosso barqueiro, a comida é bem típica caiçara e uma delícia.
Não chegamos a conhecer, deixaremos para uma próxima oportunidade.
Não deixe de conhecer
O Saco do Mamanguá é repleto de surpresas, a paisagem é rica e linda!
Existem vários biomas a se visitar, com carinho vai descobrir locais mágicos, aproveite as canoas para se encantar com as prainhas desertas ao longo do Fiorde.
Manguezal
Aproveite o passeio que te leva ao fundo do Saco, onde tem um lindíssimo manguezal, cheio de vida e colorido.
Lembrei demais da Tailândia nessa viagem, os locais e as paisagens são bem parecidas.
É um contraste incrível entre o verde esmeralda e o mangue.
A melhor maneira de fazer esse passeio é de caiaque, porém se tiver de barquinho motorizado, terá que desligar os motores e seguir com remo dependendo da maré.
A maré é bem volátil e a paisagem muda bruscamente à medida que o nível da água muda.
Cachoeira do Rio Grande
As surpresas não acabam, a Cachoeira do Rio Grande fica bem no final do manguezal, desembarcamos e passamos por plantações de uma antiga aldeia indígena.
Mais a frente encontramos diversão para os Tarzan de plantão! Igor não pensou duas vezes, se agarrou a corda e balançou se jogando na água.
A cachoeira é mais a frente e linda, brincamos um bom tempo! Tem um poço grandinho, da para nadar e se divertir.
Pico do Pão de Açúcar
É o primeiro lugar que vimos e pensamos quando falamos do Saco do Mamanguá.
Sabe aquela foto de cartão-postal?? Pois é.
Lá de cima é possível entender toda geografia de um Fiorde e ver o quão lindo ele é.
A trilha é íngreme e normalmente quente, não esqueça águas, protetor solar e chapéu.
Dura em média 1 hora para subir e 1 hora para descer.
Iríamos com nosso pequeno no colo, porém deixamos a trilha para o último dia e o tempo virou, encobrindo o pico.
Só conseguimos ter real noção do Fiorde com o Drone.
Ficamos com uma vontade absurda de voltar ao paraíso só para fazer essa trilha, todos dizem que vale muito a pena.
Caiçaras
Caiçaras são os habitantes das comunidades tradicionais que tem vivido em praias e ilhas do litoral sul do Rio de Janeiro até o norte de Santa Catarina
Hoje encontramos a população caiçara em 17 municípios de região. Eles foram formados entre a mistura dos portugueses, índios e descendentes de escravos.
Essas comunidades vivem entre a mata atlântica e o mar, em praias, estuários, mangues, restingas e lagunas e usam recursos naturais em seu modo de vida.
Os caiçaras mantiveram um território rico em diversidade biológica e cultural, ocupando territórios há séculos sem esgotar e degradá-la.
São verdadeiros guardiões da terra, sua cultura está em constante transformação, porém conservam o conhecimento tradicional sobre os recursos naturais.
Sua cultura é passada de geração em geração tornando-os senhores dos mares, são ótimos em traduzir os sinais das marés, tipo de vento, correntes marinhas e assim preveem quase que 100% o tempo.
Caiçaras do Saco do Mamanguá
Os caiçaras do Saco do Mamanguá são a mistura mais pura entre índios, portugueses e descendentes de escravos. Porém no Mamanguá a parcela de escravos acabou sobressaindo nesta mistura um pouco além que nas demais comunidades do sudeste.
O motivo disto foi a grande influência dos escravos africanos da região de Paraty que com a abolição da escravatura em 1888, acabaram se instalando em locais próximos ao Saco do Mamanguá, ou até mesmo casando com moradores locais.
Paraty
A região da Costa Verde é lindíssima e riquíssima culturalmente e historicamente.
A cidade de Paraty foi um ponto estratégico na época do Brasil colônia, por ali passou muito ouro e café produzido no interior do país.
Até hoje podemos percorrer este caminho, nos encantando e divertindo muito pela Estrada Real. O primeiro marco dessa aventura fica no centrinho de Paraty.
Curiosidades
Não se sabe a data exata do descobrimento da região de Paraty e muito menos do Saco do Mamanguá
Porém historiadores acreditam que foi entre o Sec. XVI e XVII.
Sem dúvidas por ser tão atinga, acontecimentos importantíssimos rodam o local.
A primeira igreja de Paraty data de 1646, já a primeira igreja de Paraty Mirim, veio apenas em 1720.
Fatos relatados pelo aventureiro alemão Hans Stadem, nos fazem acreditar que o Saco do Mamanguá é conhecido um pouco antes disso.
Em 1554, Hans Stadem viveu 9 meses e meio preso na aldeia do Cacique Cunhambebe, ele foi raptado em Bertioga (SP) e levado de canoa até Ubatuba, não a Ubatuba paulista que conhecemos hoje.
A aldeia de Ubatuba teria existido na região de Ilha Grande ou Angra, porém no trajeto entre Bertioga e a aldeia, eles pararam duas vezes em um local onde especuladores acreditam ser no Saco do Mamanguá.
O aventureiro alemão, Hans Stadem conseguiu voltar para casa em 1557 e publicou um livro narrando suas aventuras, inclusive rituais bem sinistros que viu durante o período onde esteve nas mãos dos índios.
O livro de Hans Stadem em português, se chama “Duas viagens ao Brasil”.
Mais curiosidades
Os primeiros moradores da região do Saco do Mamanguá foram os temíveis índios Tupinambás, também conhecido como Tamoios.
Eles ocuparam todo litoral desde Cabo Frio (RJ) até Ubatuba (SP).
Eles eram temidos por seus rituais de canibalismo! Não se sabe ao certo se o canibalismo era apenas por vingança contra seus inimigos, ou se acreditavam que absorviam as habilidades dos mortos ao comer a carne humana.
Fiquei boba quando fui estudar a região e soube deste detalhe, porém parece que no Séc XVII com os colonizadores catequizando os índios e esses rituais acabaram.
Achei esse fato tão curioso, que acabei descobrindo que além dos Tupinambás, os Caetés que habitavam o litoral do nordeste, também praticaram o canibalismo.
Muito doida essa estória de história, não é mesmo? Além de linda, essa região conseguiu me surpreender com a riqueza de nosso passado.
Não se esqueça.
- Dinheiro
- Repelente
- Lanterna
- Protetor
- Chapéu
- Cuide do seu lixo
- Caminhe só por trilhas marcadas, ir por atalhos pode ser perigoso e se perder.
- Respeite a fauna e a flora, levando apenas lembranças e fotografias do Saco do Mamanguá
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E as férias chegaram!
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